quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Crise e gasolina cara fazem a Itália aderir à bicicleta elétrica




 Liliana Ginanneschi se casou recentemente em uma cerimônia na Prefeitura de Roma. Para não ficar presa no trânsito, foi de bicicleta elétrica. Fez mais: alugou bicicletas também para os convidados, para que ninguém perdesse o momento do "sim".
"Quando a cerimônia acabou, subimos nas bicicletas e fomos para a festa", contou a diretora de cinema. "Dois convidados gostaram tanto da ideia que acabaram comprando uma bicicleta elétrica".
O famoso trânsito de Roma, o alto custo da gasolina, a falta de lugar para estacionar, uma rede de metrôs limitada e frequentes greves no transporte público estão levando o italiano a explorar outras formas de se locomover. Com o motorzinho movido a uma bateria recarregável, para ajudar nas pedaladas, a bicicleta elétrica vem ganhando popularidade na capital italiana.
Embora não haja dados oficiais, o chefe-adjunto da polícia municipal de Roma, Diego Porta, confirma que o uso da bicicleta elétrica vem crescendo na capital italiana - até entre as forças de segurança, onde já há oito em uso. "Parece uma saída natural contra o custo de vida mais alto, com coisas como o preço da gasolina", diz.



Na Itália, o preço do litro da gasolina chegou a mais de € 2 (aproximadamente R$ 5,28) no meio do ano, por culpa da alta dos preços do petróleo e de um novo imposto sobre combustíveis no país. Hoje, o preço está em cerca de € 1,80 por litro.
Em toda a Europa, a venda de bicicletas elétricas subiu durante a crise, afirma Kevin Mayne, da Federação Europeia de Ciclistas, em Bruxelas. Já a venda de carros na Itália vem caindo. Em setembro, o volume de licenciamento de novos veículos foi 26% inferior ao de um ano atrás; baixando a níveis da década de 1970. As vendas de motocicletas também declinaram.
Já a procura pela bicicleta elétrica - que, ao contrário de motocicletas e das Vespas, não exige seguro, pagamento de imposto sobre circulação nem gasto com gasolina - está subindo.
A Ancma, a associação italiana de ciclos e motociclos, espera que a venda de bicicletas elétricas cresça pelo menos 10% no próximo ano.
"O interesse hoje é fenomenal. Potenciais compradores estão fazendo fila para conferir as bicicletas", diz Franca Camplone, diretora de vendas no varejo da companhia de energia renovável Enel Green Power, que calcula que 50 mil bicicletas elétricas serão vendidas em toda a Itália este ano - em comparação com praticamente zero cinco anos atrás. A empresa começou a vender o veículo em setembro e lançou uma campanha para promover a bicicleta elétrica como presente de Natal.
"Estamos pasmos com o número de pessoas que chega a nossas lojas para comprar ou buscar informações sobre uma bicicleta dessas", disse Valerio Verrino, dono da Ecovia, loja de bicicletas elétricas perto do Coliseu.


Segundo Verrino, o preço de uma bicicleta elétrica com marcha varia de € 950 a € 2.000 - cerca de um terço a menos do que o de uma Vespa e menos de metade do custo de uma motocicleta.
Embora a Itália seja um nome forte no ciclismo profissional, a bicicleta convencional nunca decolou como meio de transporte em Roma, cidade de ladeiras e de barbeiragens no trânsito. Segundo uma pesquisa da Eurobarometer de 2011, a bicicleta é o principal veículo de transporte de 4,7% dos italianos, menos do que a média da União Europeia (7,4%) e muito aquém da Holanda (31,2%).
Em Roma, as autoridades esperam mudar a situação. Em setembro, a prefeitura anunciou que vai construir 1.650 quilômetros de ciclovias na cidade e arredores. Hoje, não há quase nada.
O sistema de transporte público é irregular. Em Roma, linhas de metrô não chegam a pontos importantes da cidade, pois antigas ruínas subterrâneas limitam seu alcance. A cidade volta e meia sofre com greves no transporte público.
Roma é a terceira cidade europeia com o trânsito mais congestionado. Empata com Bruxelas e perde para Varsóvia e Marselha, segundo o índice de congestionamento divulgado em julho pela empresa de GPS TomTom.
"Um dia, fiquei tão irritada de não achar um lugar para estacionar o carro perto de um clube no qual ia encontrar uns amigos que decidi voltar para casa", contou Anna Paulis, uma psiquiatra de 42 anos que comprou uma bicicleta elétrica há um ano e meio. "Agora, vou com minha bicicleta para toda parte quase que diariamente".
A Enel Green Power calcula que, na Itália, o motorista de carro gaste a média de 3.600 euros por ano para os 14 quilômetros que roda por dia, em média. Segundo a empresa, quem circula com uma bicicleta elétrica gasta dez euros em eletricidade para rodar a mesma distância.
Fãs da bicicleta elétrica dizem, ainda, que o motociclo é a solução para o velho problema que circular de bicicleta traz para o romano preocupado com o visual: como ir para cima e para baixo sem chegar exausto e suando em bicas.
De bicicleta convencional, "você não chegaria apresentável para um jantar romântico a dois", afirma Tommaso Giacchetti, um rapaz de 28 anos que faz doutorado em engenharia na Universidade Roma Tre. "A aparência é importante

Fonte: Primeira Edição

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