Aprenda os macetes para montar e consertar pneus tubulares
Texto: Marcos Adami Fotos: Marcos Adami – Divulgação Park Tool

Pneus
tubulares, muita gente já ouviu falar deles. Mas você já viu um de
perto? Muito comuns até o início da década de 1990, os tubulares
perderam terreno para os pneus conhecidos como “clincher”, mais práticos
de manusear e manter. Os tubulares recebem este nome, pois reúnem no
mesmo corpo o pneu e a câmara de ar.
A principal diferença dos tubulares em relação aos clincher é que os
primeiros têm a câmara de ar embutida no corpo do pneu e são colados
diretamente no aro da roda. A câmara na realidade fica dentro no corpo
do pneu e protegida sob a costura de uma cinta de tecido.

Perfil de um pneu tubular
Pneus tubulares ainda são usados por atletas profissionais,
especialmente em competições de velódromo, provas de triathlon e
Ironman, provas de contrarrelógio e aos poucos vêm ganhando espaço
também no mountain bike.As principais vantagens dos tubulares em relação
aos atuais clinchers são a leveza e a maciez da rodagem.
Apesar de raros quando comparados aos clincher, os tubulares são
praticamente regra nos velódromos por motivo de segurança. É que quando
furam, levam alguns minutos para murcharem e assim, evita-se um sério
acidente na parede na pista.

Perfil de um aro para pneu clincher
Entretanto, existem alguns inconvenientes no uso dos tubulares. Além
do preço, outra dificuldade está na hora do conserto. Por ser um pneu
que usa cola de contato para aderir o pneu ao aro, um furo de pneu na
rua, pode significar longos minutos para a substituição. Por esse
motivo, pneus são usados em competições, na maioria das vezes em
velódromos.
Ciclistas preferem o uso de clincher para os treinos na rua e
estrada, e sim em competições oficiais. Se furar na rua, o ciclista terá
que ter outro pneu tubular para a substituição, e isto ocupa um grande
espaço no bolso traseiro da camisa. Uma simples substituição de pneu
pode levar até uma hora para iniciantes.
Uma boa solução para os tubulares é usar o produto Conti Seal, um
líquido selante da Continental, que pode ser usado em tubulares de
estrada e também de mountain bikes.
O paulista Miguel Stocco, antigo chefe da equipe de ciclismo de
Americana (SP), conta que os clinchers se popularizaram no Brasil a
partir da década de 90 pela sua praticidade. “No passado, nas equipes
como a Caloi, eles nem perdiam tempo em consertar os pneus. Eles
simplesmente doavam os tubulares furados para ciclistas mais carentes.
Não compensava o trabalho de arrumar”, explica Stocco.
A instalação de um pneu tubular exige muitos cuidados. Além de um
lugar de trabalho limpo, livre de sujeira, poeira e gordura, a montagem
de um tubular deve ser bem cuidadosa, pois em curvas ou mesmo em um
forte sprint um pneu tubular mal instalado pode sair do aro e provocar
sérios acidentes.

O modelo Competition da Continental custa R$ 419
VANTAGENS X DESVANTAGENS
PNEU TUBULAR
|
PNEU CLINCHER
|
Vantagens
- Deixa a bike mais macia
- Bons tubulares furam menos que clinchers
- Em geral são mais leves
- Podem rodar murchos por alguns metros
- Suportam mais calibragem (menos atrito) |
Vantagens
- São mais baratos
- São fáceis de encontrar
- Fáceis de instalar e reparar
- Utilizam aros normais |
Desvantagens
- Tem risco de se soltarem do aro
- Usam aros especiais
-Bons tubulares custam caro
- Muita mão-de-obra na hora do conserto
- Difíceis de encontrar
- Exigem calibragens freqüentes
- Difícil de levar o pneu sobressalente |
Desvantagens
- Mais duros na rodagem
- Quando furam, murcham imediatamente
- Em geral são mais pesados |
FAÇA VOCÊ MESMO
Agora é a hora de conhecermos de perto as inconveniências do pneu tubular.
Você vai precisar de:
- Cola de contato “Brascola” ou “Cascola”, também conhecidas como cola
de sapateiro. As colas francesas “Pastali” e “Clement” são preferidas
por alguns mecânicos
- Remendo a frio da Zéfal – também conhecido como “remendo estrelinha”
- Agulha para linha grossa. Pode ser também agulha cirúrgica
- Linha de nylon – Pode ser retirada de um tubular antigo
- Lixa de madeira
- Cola cimento para remendos a frio
- Bomba
- Caneta de ponta porosa
- Estilete ou lâmina
- Chave de fenda
- Pincel ou escova de dentes usada
- Solvente tipo Varsol
- Pano limpo
ARO NOVO
Atenção: as mãos devem estar bem limpas. Gordura e suor são inimigos de uma boa colagem.

Certifique-se que o aro está limpo, sem poeira, água ou gordura
Instalação pela primeira vez um aro:
1- Certifique-se que o aro está limpo, sem poeira, água, ou vestígios de gordura. Se tiver, limpe-o com o pano e solvente.
ATENÇÃO: aros de fibra de carbono NÃO podem ser
limpos com solvente. Use água e detergente, se necessário. Caso já
exista resíduo de cola no aro, procure retirá-la com solvente ou
raspando com a lâmina. O que for mais eficiente.

Aplique uma camada da cola de contato em toda a extensão do aro
2- Aplique uma camada da cola de contato em toda a extensão do aro, inclusive na paredes, espalhe bem e deixe secar por um dia.
3- Infle um pouco o pneu e aplique a cola também na cinta de tecido,
no verso do pneu. Espalhe e espere secar por um dia. Evite sujar de cola
na lateral do pneu.
4- No dia seguinte, repita as operações 2 e 3 e aguarde uns 10-30
minutos até a cola QUASE estar seca. O tempo de secagem vai variar de
acordo com condições climáticas.

Fica mais fácil se você encaixar o pneu no aro (sem a cola) dias antes da instalação
5- Com o pneu levemente inflado, introduza a válvula pelo orifício do
aro e segure a roda na vertical. Após encaixado o bico, vá colocando o
restante do pneu no aro. Mantenha a válvula alinhada na vertical. A
última parte pode ser difícil, mas com um pouco de força e jeito ele
acabará se encaixando totalmente no aro.
DICA: esta operação ficará mais fácil se você encaixar o pneu no aro [sem a cola] dias antes da instalação.

Segure a roda pelos eixos e deixe-a girar livremente
6 – Tão logo o pneu esteja encaixado, é hora do alinhamento. Ajeite o
pneu no aro com as mãos, em seguida, segure a roda pelos eixos e
deixe-a girar livremente. Observe se o pneu está bem alinhado em relação
ao aro. Corrija com as mãos se necessário.
7 – Infle o pneu até a calibragem desejada e deixe secar por um longo tempo. De um dia para outro, é o ideal.
TROCA NA RUA
Durante um treino, um furo no tubular certamente vai significar longos minutos parado para o conserto.
Leve sempre com você um pneu tubular sobressalente e já com cola
espalhada na cinta de tecido. Vai ajudar bastante, mas mesmo após a
substituição do pneu, você terá que pedalar com cuidado – especialmente
em curvas – para o pneu não sair do aro. Se estiver chovendo, esta
operação não é recomendada ser feita na rua.
8 – Pare a bike em um local seguro e retire a roda. Começando pelo
lado oposto ao da válvula, retire o pneu do aro, ou melhor, arranque o
pneu do aro com as mãos. Se necessário use uma chave de fenda para
ajudar.
9 – O vestígio de cola que está no aro será o suficiente para colar o
tubular sobressalente, assim, faça como no passo 5 e 6 descritos acima.
10 – Infle o pneu e pedale com cuidado de volta para casa. DICA: Leve
sempre uma bisnaga de “Cascola” ou “Brascola” com você, pois caso a
cola do aro e/ou do pneu esteja muito ressecada, aplique uma nova camada
de cola e espere uns 15-20 minutos para a secagem e monte o pneu.

Encha o pneu para localizar o furo
REPARO DO FURO
Não bastasse todo o trabalho na rua, … ao chegar em casa, você terá que reparar o furo do pneu.
Veja como é:
11 – Encha o pneu para localizar o furo. Se necessário mergulhe o pneu em uma bacia com água limpa.

Marque o local do furo com uma caneta de ponta porosa
12 – Marque o local do furo com uma caneta de ponta porosa.
13 – Corte a cinta protetora do pneu com a lâmina e abra uns 3 cm para cada lado do furo.
14 – Cuidadosamente, use a lâmina para cortar os pontos da linha de nylon. Abra mais ou menos 2,5 para cada lado do furo.

Retire a câmara para fora o suficiente para remendar o furo
15 – Retire a câmara para fora o suficiente para remendar o furo.
16 – Lixe a câmara, limpe bem e espalhe a cola cimento para reparos a
frio. Deixe secar uns 3 minutos e aplique o remendo Zéfal. Segure firme
por uns 3-4 minutos e estará pronto. Após aplicado o remendo a frio,
recoloque a câmara dentro do pneu.
ATENÇÃO: A cola cimento não substitui a cola de contato e vice-versa. Cada uma tem sua função. Não troque as bolas…digo…as colas.
17 – Com a linha de nylon e a agulha, refaça a costura do pneu do mesmo modo que estava. Arremate com um no final da costura.
18 – Espalhe a cola de contato na cinta protetora do pneu. Espere
secar por uns 15-20 minutos e cole a cinta protetora sobre a costura do
pneu. Está pronto.
19 – Guarde o pneu que acabou de consertar em um saco plástico e use-o como pneu sobressalente.
PREÇOS
Há várias faixas de preços para pneus tubulares, logicamente pneus de
melhor qualidade e mais leves, custam mais. Um pneu Continental Giro
custa R$ 110, o Continental Sprinter custa R$ 240 e o top de linha da
Continental, o modelo GP 4000 sai por R$ 450 a unidade. Esse último
modelo não possui costuras e fica melhor assentado no ar, porém não tem
como ser consertado.

Não
se deve esquecer das colas de contato. A “Brascola” e a “Cascola”
mencionadas na matéria são relativamente baratas e podem ser adquiridas
em casas de ferramentas, casa de tintas e materiais de construção e uma
bisnaga de 100 gramas custa em torno de R$ 2.
Alguns ciclistas e mecânicos profissionais recomendam apenas o uso
das colas de contato importadas das marcas francesas “Pastali” e
“Clement”. Custam em torno de R$ 20 a bisnaga de 27 gramas, mas têm um
desempenho melhor que as colas de sapateiro tradicionais. Outra boa
opção é a cola da marca Continental que custa R$ 15 (para aros de
alumínio) e R$ 18 para aros de carbono cada bisnaga.
Se você usa pneu tubular e não quer passar suas tardes de domingo
aplicando solventes, limpando, lixando, costurando e etc… a boa dica é
levar seu pneu para reparar em alguma oficina de bikes. O conserto fica
em torno dos R$ 10-20.
Colaborou: João Maria – Martini Bike Shop – Itu, SP
Publicado em
1 de março de 2011
às
15:12 na Bikemagazine