Postado no site Vou de Bike em 29 de maio por gugamachado
Nesta semana entrevistamos o Eduardo Grigolleto, da empresa Ciclomidia, que vem contribuindo em muito com o uso da bicicleta como meio de transporte na cidade de São Paulo.
Foi uma entrevista muito proveitosa, e trouxe muito do pensamento como nós aqui do EVDB tratamos esta questão! Muito obrigado, Edu, por dividir conosco seu tempo e sua sabedoria!!!!
Foi uma entrevista muito proveitosa, e trouxe muito do pensamento como nós aqui do EVDB tratamos esta questão! Muito obrigado, Edu, por dividir conosco seu tempo e sua sabedoria!!!!
- Há quanto tempo a Ciclomídia foi lançada?
Acabamos de fazer 2 anos de vida!
Acabamos de fazer 2 anos de vida!
- Como surgiu a idéia da Ciclomídia?
A ideia central do negócio surgiu quando eu passei a usar a bicicleta como meu principal meio de transporte para ir ao trabalho e para resolver coisas do dia-a-dia, como ir ao banco ou realizar pequenas compras. Como eu já estava saturado do trânsito de São Paulo e com as condições precárias do transporte público, resolvi usar a bicicleta como alternativa. Esse movimento foi algo realmente transformador em minha vida, pois além dos benefícios físicos a bicicleta me fez enxergar e viver a cidade de São Paulo de uma maneira totalmente diferente.
A ideia central do negócio surgiu quando eu passei a usar a bicicleta como meu principal meio de transporte para ir ao trabalho e para resolver coisas do dia-a-dia, como ir ao banco ou realizar pequenas compras. Como eu já estava saturado do trânsito de São Paulo e com as condições precárias do transporte público, resolvi usar a bicicleta como alternativa. Esse movimento foi algo realmente transformador em minha vida, pois além dos benefícios físicos a bicicleta me fez enxergar e viver a cidade de São Paulo de uma maneira totalmente diferente.
Apesar de a cidade oferecer pouquíssima estrutura para o ciclista,
ver bicicletas nas ruas de São Paulo é cada vez mais comum. E uma das
grandes dificuldades desses ciclistas, ao contrário do que muitos
pensam, não é somente a questão de se locomover no trânsito de uma
cidade grande, mas sim onde estacionar suas bicicletas ao chegarem em
seus destinos. A maioria dos estabelecimentos e empresas não dispõe de
um local adequado e não sabem como atender o ciclista ou como lidar com a
situação.
Passando por essa dificuldade diariamente e vendo o aumento
considerável de pessoas passando a usar a bicicleta, e também cada vez
mais iniciativas de estímulo ao uso da bicicleta, comecei a enxergar que
esse ”problema bom” de estacionamento de bikes seria cada vez maior, e
foquei nisso. Já existem “N” iniciativas de incentivo ao uso da
bicicleta, o que é ótimo, mas depois que a pessoa passa a fazer essa
opção pela bicicleta onde ela vai estacioná-la?
Criei então produtos e serviços para ajudar a resolver essas questões
e hoje, além de adequar os locais, nosso trabalho envolve também a
promoção desses estabelecimentos como locais “Bike Friendly”. E acabamos
também sendo consultores para eles nas questões que envolvem as
bicicletas em seus negócios.
- Qual o principal objetivo da Ciclomídia?
O principal objetivo da Ciclomídia
é disseminar essa visão de que o ciclista é um cidadão e um consumidor
também. Nossa missão é fazer as empresas, estabelecimentos comerciais,
eventos, etc enxergarem isso e se preocuparem em receber bem essas
pessoas que chegam em seus estabelecimentos de bicicleta pois eles
também merecem ser bem recebidos e bem tratados como qualquer outra
pessoa.
Um estabelecimento que não vê isso dessa forma hoje, está perdendo
dinheiro – simples assim! Pois este “consumidor sobre duas rodas” irá
onde é bem recebido com sua bicicleta. Esses ciclistas têm um perfil de
alta fidelização por esses lugares onde os recebem bem.
Uma empresa que não vê isso e não incentiva seus funcionários que
optam por ir trabalhar de bicicleta, está também deixando de economizar
com saúde, pois essas pessoas se tornam bem mais saudáveis e também
faltam menos. Além disto, está deixando de ter funcionários mais
produtivos e bem humorados, e até mesmo mais pontuais, pois o próprio
desafio intermodal realizado anualmente mostra que a bicicleta é o meio
de transporte mais eficiente hoje na cidade de São Paulo.
- Na opinião de vocês, qual o perfil do público que tem adotado a bicicleta como meio de transporte?
Pelo que vemos na ruas são pessoas dos mais variados perfis, mas o
que todos tem em comum é a busca de uma forma alternativa e eficiente de
transporte, e que acabaram encontrando isso na bicicleta. O trânsito
saturado, os transportes coletivos superlotados, caros e de péssima
qualidade também estão fazendo as pessoas procurarem outras
alternativas, eu conheço muita gente que além das bicicletas estão indo
trabalhar até de skates e patins!
- Falando mais especificamente, o que podemos fazer para prevenir o furto de bikes?
Previnir o furto é uma conjunção de fatores. Primeiro, um paraciclo
ideal para estacionar a bike, que é o U invertido, pois ele permite que
se trave a bicicleta prendendo pelo quadro e rodas, o que dificulta
bastante o furto.
Boas travas também são essenciais – o ideal é ter sempre 2 tipos de
travas diferentes pois na maioria das vezes o gatuno está com a
ferramenta para romper um tipo de trava. Eu recomendo sempre o uso de
uma boa trava U-lock pois ela é bem difícil de ser quebrada. E, com mais
um acessório que é um cabo de aço, ainda permite que você trave até
mesmo o selim da bile. A combinação de 2 sistemas diferentes é sempre um
boa estratégia.
A localização dos paraciclos também é super importante. Quando vamos
instalar em nossos clientes, sempre orientamos a colocarem num local com
boa visibilidade e iluminação.De preferência com fluxo de pessoas por
perto, pois o movimento inibe o ladrão.Afinal, ele nunca sabe se alguma
daquelas pessoas chegando perto é o dono da bike. Colocar os paraciclos
naqueles cantos “obscuros” é um grande erro.
- O que falta nas grandes cidades brasileiras para terem mais adeptos da bicicleta como meio de transporte?
Isso é uma soma de fatores.
Na minha opinião o principal fator é a falta de respeito entre todos.
Se as pessoas se respeitassem mais, já teríamos um cenário bem melhor
do que temos hoje.
Podemos somar nessa conta a falta de estrutura e planejamento para
quem se desloca por bicicletas, tais como ciclovias, ciclofaixas,
ciclorrotas, etc. Faltam também sinalização vertical e de solo.
Falta promover também a integração entre os modais de transporte. Hoje temos a cultura de pensar em sair do ponto A e chegar no B usando um modal. A bicicleta não é a solução definitiva para o trânsito, mas faz parte dela e na minha opinião, a integração entre os modais é fundamental. Se os terminais de trens, ônibus e metrô implementassem bicicletários, por exemplo, já seria um ótimo incentivo e tenho certeza que com grande demanda de usuários. Veja o caso do bicicletário de Mauá, por exemplo.
Falta promover também a integração entre os modais de transporte. Hoje temos a cultura de pensar em sair do ponto A e chegar no B usando um modal. A bicicleta não é a solução definitiva para o trânsito, mas faz parte dela e na minha opinião, a integração entre os modais é fundamental. Se os terminais de trens, ônibus e metrô implementassem bicicletários, por exemplo, já seria um ótimo incentivo e tenho certeza que com grande demanda de usuários. Veja o caso do bicicletário de Mauá, por exemplo.
Campanhas educacionais para motoristas, ciclistas e pedestres
promovendo o conhecimento de todos os direitos e deveres de cada um e o
respeito entre todos é fundamental.
Uma coisa que está impressa em nossa sociedade são os preconceitos.
Esta visão de que quem usa transporte público ou bicicletas não é uma
pessoa bem sucedida e que ter um carro é um símbolo de sucesso é muito
comum, principalmente em nosso país. Porém, ela já não cabe mais nos
dias de hoje. Com o passar do tempo, estamos vendo que isso não é
verdade, tanto que pesquisas já apontam o desinteresse dos jovens por
automóveis, o que começa a preocupar as montadoras. Quebrar esses
paradigmas ajudam muito na construção de uma cidade e de uma sociedade
melhor também.
E infelizmente não dá pra não citar o que eu acho que está entre as
principais causas que é a impunidade e morosidade do nosso sistema
judiciário. Hoje nosso trânsito mata mais que muitas guerras,
motoristas, pedestres, ciclistas, skatistas e há uma visao comum na
justiça que trata essas mortes como “acidentes” quando não como deveriam
ser tratadas desta maneira. Deveriam ser sim tratadas como crimes.
Você vê que a maioria das pessoas que cometem crimes bárbaros de
trânsito nunca são presas. E quando são, ficam pouquíssimo tempo até
seus advogados conseguirem com que paguem uma fiança e respondam um
processo em liberdade. E, quando condenadas, têm penas ridículas como
pagamento de cestas básicas e prestação de serviços comunitários.
- Finalizando, quais são suas dicas para aqueles que adotaram a bicicleta como estilo de vida?
Que aproveitem sua escolha! Usando a bikes ficamos mais livres,
felizes, saudáveis, sociáveis, temos um acesso e uma visão melhor da
cidade e das pessoas, então curtam isso todos os dias quando estiverem
pelas ruas.
Quanto mais fazemos isso, mais à vontade e integrados nos sentimos
nas ruas. Então a principal dica é também não relaxar totalmente da
segurança, ande sempre ligado com o que acontece ao seu redor, ocupe seu
espaço, sinalize suas intenções, interaja com os motoristas e
pedestres, respeite as regras de trânsito e curta a vida!
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