Já abordei este tópico anteriormente, más nunca é demais, cada explicação pode ter um detalhe que escalrecerá algo para alguem.
* Por Guga Machado - Retirado do site Vou de Bike.
O número “ideal” de marchas de uma bicicleta – e como utilizá-las – é
um assunto bem polêmico e extenso. Nossa intenção neste post é dar
algumas dicas para você melhorar sua performance e aproveitar melhor sua
bicicleta, sem entrar profundamente na matéria. Eu mesmo pedalo uma MTB
de 27 marchas, uma Speed de 20 marchas, uma Urbana de 21 marchas e
comecei a montar (e me apaixonar por) uma “
single speed“, ou seja, uma bike de uma marcha só.
Nos últimos tempos, o
mercado de bicicletas assiste a
uma revolução no campo das marchas de uma bike. A marca japonesa
“Shimano” lançou recentemente um câmbio para Mountain Bikes de 30
marchas! Já temos até câmbios eletrônicos (vimos uma profusão deles no
Tour de France 2010) e até automáticos! E, paradoxalmente, atualmente
surge com força total um movimento que defende bicicletas minimalistas,
sem marcha nenhuma, as chamadas “
fixed gears“, ou, carinhosamente, as “fixas”!
Exemplo de bicicleta “fixed gear”: sem marchas, sem freios e sem firulas
Sem entrar em defesa de nenhum grupo, nosso objetivo neste post é falar um pouco sobre como podemos fazer
uso correto das marchas em nossas bicicletas, quer sejam 3, 5, 7, 10, 18 ou 21, sendo estas as mais comumente encontradas.
Para começar, a
transmissão da bicicleta é
constituida basicamente pela corrente, pelos câmbios (dianteiro e
traseiro), pelos trocadores (e cabos e demais partes constituintes),
pelas coroas e pelo cassete. São nestes últimos que vamos nos focar.
Coroa são as engrenagens dianteiras que ficam junto ao pedivela (a alavanca que sustenta o pedal).
Cassete é o conjunto de engrenagens traseiras que se situam no cubo da roda (próximo do câmbio traseiro).
Infelizmente, de maneira geral, os ciclistas tendem a não utilizar o conjunto coroa-cassete para usufruir de toda a
performance e conforto que a bicicleta pode oferecer. Além disto, o uso inadequado diminue bastante a vida útil de tais componentes.
Basicamente, as marchas mais altas oferecem mais resistência na
pedalada. Quando selecionamos uma marcha mais pesada do que o trecho
solicita, normalmente teremos que fazer mais força e diminuir a
cadência.
Recentemente, com o
avanço das tecnologias, o
ciclista Lance Armstrong demonstrou que girar mais lentamente do que a
cadência ideal, utilizando-se mais força, gera perda de performance e,
principalmente
desperdício de energia.
Ao adotar o uso de uma
marcha mais leve e uma
cadência (cada giro completo do pedal/ pedivela) mais rápida, Armstrong
superou seus concorrentes que estavam ainda “presos ao velho paradigma”
de que o ideal era fazer muita força ao pedalar, com um giro menor. Além
disto, ao utilizar uma marcha muito “pesada” para o trecho, o ciclista
corre um grave
risco de distensão muscular e lesão nas articulações, particularmente nos joelhos e nos quadris.
As marchas mais baixas, por sua vez, são indicadas para trechos de
subida porque deixam o pedal mais fácil de girar, ficando mais simples
girar numa cadência alta. É claro que se estivermos num trecho de
descida, ao utilizarmos as marchas mais baixas não aproveitaremos a
força da pedalada. A cadência mais alta do que o ideal permite fazer
menos força, mas de tanto “girar”, você
pode se cansar muito cedo.
Na prática, podemos observar que:
- quando a
corrente estiver sobre a coroa interior (a menor), procure utilizar as catracas maiores, desde as mais internas (mais próximas do cubo), até as do meio.
- quando a corrente estiver sobre a coroa exterior (a menor), utilize as
catracas menores (as mais externas, próximas ao câmbio).
- procure sempre
antecipar seus percursos, ou seja,
antes de iniciar uma subida, troque de marcha com antecedência. Antes de
a velocidade começar a reduzir, troque para uma marcha menor (coroa
menor dianteira e catraca maior traseira), aliviando a pressão das
pernas.
- não antecipe demais a mudança de modo a perder seu esforço. Porém, a
troca de marcha durante uma subida, além de ser perigosa (pois, devido à
tensão da subida a marcha pode não entrar e ocasionar um tombo) pode
danificar sua transmissão. Lógico que esta percepção ocorrerá com o
tempo, a medida em que você
conhecer mais seu equipamento e, principalmente, seus limites!
- nas descidas,
aproveite para pedalar! Isto ajuda
muito a fazer o ácido lático acumulado nos músculos circular, evitando
as famosas caimbras! Troque para uma marcha mais pesada, (coroa grande e
catraca pequena), e continue a manter sua velocidade!
- sempre que possível, evite o famoso “
cruzamento da corrente“.
Este ocorre quando temos uma angulação errada entre a coroa e o cassete
(coroa maior e catraca maior ou coroa menor e catraca menor),
ocasionando uma tensão lateral na corrente. Eu já vi muita corrente
quebrando por causa disto…
- evite também mudar de marcha quando estiver fazendo força no pedal.
O ideal é que, ao mudar de marcha, você alivie ligeiramente a pressão
da perna no pedal. Isto faz com que a marcha entre de maneira mais
“suave”,
prolongando a vida útil do conjunto.
Vejam este
post, mas vamos falar um pouco do
conceito de cadência.
Por definição, cadência é o número de vezes por minuto que o ciclista completa
uma volta no pedal (360′). A medida então é RPM, ou
rotações (que o pedivela completa) por minuto.
Posto isto, o ideal é que a
cadência seja costante, independente do tipo e do relevo do terreno – daí a necessidade de saber trabalhar direito com as marchas.
Para ilustrar, podemos pensar em um carro: quando aceleramos e
desaceleremos muitas vezes, o consumo de combustível é mais alto; na
estrada, quando a velocidade é normalmente constante, este consumo tende
a diminuir.
Assim, o ciclista deve procurar uma cadência que lhe proporcione
conforto e economia de energia durante o movimento, uma vez que não
existe uma cadência melhor que a outra: a melhor é a que apresenta
equilíbrio entre a velocidade das duas pernas e a força exercida sobre os pedais.
De um modo geral, a cadência ideal para o
aquecimento
(primeiros dez minutos) é de 40 a 60 RPMs.
Pode-se utilizar também esta
cadência quando estamos realizando um passeio ou treinos de recuperação
(quando ficamos mais de um mês sem pedalar). Após o aquecimento, o
ideal é mantermos a cadência entre 70 e 90 RPMs.
Existem no mercado hoje diversos aparelhos capazes de medir esta
cadência, que vão desde ciclocomputadores até monitores de frequência
cardíaca com funções de ciclismo. Mas, se você não quiser comprar um
aparelho, basta usar um relógio e contar quantas voltas completas
realizamos no pedivela durante um minuto.
Resumindo
Se estamos “
girando muito” (mais de 100 RPMs) sem
sair do lugar, devemos mudar para uma catraca menor (normalmente o
trocador se localiza do lado direito da bicicleta) e uma coroa maior
(normalmente o trocador fica do lado esquerdo da bicicleta),
experimentando até sentirmos que a bike se movimenta bem, sem muito esforço (realizando cerca de 70 rotações do pedivela por minuto).
E se estamos girando pouco e fazendo
muita força para pedalar, o ideal é mudarmos para uma catraca maior e uma coroa menor. Mas para o uso urbano, normalmente a
coroa média com a catraca “do meio” resolve muito bem a situação!
Lembre-se de sempre manter sua
corrente lubrificada e, quando notar rangidos e/ou dificuldades para cambiar, leve a bicicleta no mecânico de sua confiança.
E você? Qual a sua experiência? Aproveite para deixar aqui seus comentários!