Aprenda os macetes para montar e consertar pneus tubulares
A principal diferença dos tubulares em relação aos clincher é que os primeiros têm a câmara de ar embutida no corpo do pneu e são colados diretamente no aro da roda. A câmara na realidade fica dentro no corpo do pneu e protegida sob a costura de uma cinta de tecido.
Perfil de um pneu tubular
Apesar de raros quando comparados aos clincher, os tubulares são praticamente regra nos velódromos por motivo de segurança. É que quando furam, levam alguns minutos para murcharem e assim, evita-se um sério acidente na parede na pista.
Perfil de um aro para pneu clincher
Ciclistas preferem o uso de clincher para os treinos na rua e estrada, e sim em competições oficiais. Se furar na rua, o ciclista terá que ter outro pneu tubular para a substituição, e isto ocupa um grande espaço no bolso traseiro da camisa. Uma simples substituição de pneu pode levar até uma hora para iniciantes.
Uma boa solução para os tubulares é usar o produto Conti Seal, um líquido selante da Continental, que pode ser usado em tubulares de estrada e também de mountain bikes.
O paulista Miguel Stocco, antigo chefe da equipe de ciclismo de Americana (SP), conta que os clinchers se popularizaram no Brasil a partir da década de 90 pela sua praticidade. “No passado, nas equipes como a Caloi, eles nem perdiam tempo em consertar os pneus. Eles simplesmente doavam os tubulares furados para ciclistas mais carentes. Não compensava o trabalho de arrumar”, explica Stocco.
A instalação de um pneu tubular exige muitos cuidados. Além de um lugar de trabalho limpo, livre de sujeira, poeira e gordura, a montagem de um tubular deve ser bem cuidadosa, pois em curvas ou mesmo em um forte sprint um pneu tubular mal instalado pode sair do aro e provocar sérios acidentes.
O modelo Competition da Continental custa R$ 419
PNEU TUBULAR
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PNEU CLINCHER
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Vantagens
- Deixa a bike mais macia - Bons tubulares furam menos que clinchers - Em geral são mais leves - Podem rodar murchos por alguns metros - Suportam mais calibragem (menos atrito) |
Vantagens
- São mais baratos - São fáceis de encontrar - Fáceis de instalar e reparar - Utilizam aros normais |
Desvantagens
- Tem risco de se soltarem do aro - Usam aros especiais -Bons tubulares custam caro - Muita mão-de-obra na hora do conserto - Difíceis de encontrar - Exigem calibragens freqüentes - Difícil de levar o pneu sobressalente |
Desvantagens
- Mais duros na rodagem - Quando furam, murcham imediatamente - Em geral são mais pesados |
Agora é a hora de conhecermos de perto as inconveniências do pneu tubular.
Você vai precisar de:
- Cola de contato “Brascola” ou “Cascola”, também conhecidas como cola de sapateiro. As colas francesas “Pastali” e “Clement” são preferidas por alguns mecânicos
- Remendo a frio da Zéfal – também conhecido como “remendo estrelinha”
- Agulha para linha grossa. Pode ser também agulha cirúrgica
- Linha de nylon – Pode ser retirada de um tubular antigo
- Lixa de madeira
- Cola cimento para remendos a frio
- Bomba
- Caneta de ponta porosa
- Estilete ou lâmina
- Chave de fenda
- Pincel ou escova de dentes usada
- Solvente tipo Varsol
- Pano limpo
Atenção: as mãos devem estar bem limpas. Gordura e suor são inimigos de uma boa colagem.
Certifique-se que o aro está limpo, sem poeira, água ou gordura
1- Certifique-se que o aro está limpo, sem poeira, água, ou vestígios de gordura. Se tiver, limpe-o com o pano e solvente.
ATENÇÃO: aros de fibra de carbono NÃO podem ser limpos com solvente. Use água e detergente, se necessário. Caso já exista resíduo de cola no aro, procure retirá-la com solvente ou raspando com a lâmina. O que for mais eficiente.
Aplique uma camada da cola de contato em toda a extensão do aro
3- Infle um pouco o pneu e aplique a cola também na cinta de tecido, no verso do pneu. Espalhe e espere secar por um dia. Evite sujar de cola na lateral do pneu.
4- No dia seguinte, repita as operações 2 e 3 e aguarde uns 10-30 minutos até a cola QUASE estar seca. O tempo de secagem vai variar de acordo com condições climáticas.
Fica mais fácil se você encaixar o pneu no aro (sem a cola) dias antes da instalação
DICA: esta operação ficará mais fácil se você encaixar o pneu no aro [sem a cola] dias antes da instalação.
Segure a roda pelos eixos e deixe-a girar livremente
7 – Infle o pneu até a calibragem desejada e deixe secar por um longo tempo. De um dia para outro, é o ideal.
TROCA NA RUA
Durante um treino, um furo no tubular certamente vai significar longos minutos parado para o conserto.
Leve sempre com você um pneu tubular sobressalente e já com cola espalhada na cinta de tecido. Vai ajudar bastante, mas mesmo após a substituição do pneu, você terá que pedalar com cuidado – especialmente em curvas – para o pneu não sair do aro. Se estiver chovendo, esta operação não é recomendada ser feita na rua.
8 – Pare a bike em um local seguro e retire a roda. Começando pelo lado oposto ao da válvula, retire o pneu do aro, ou melhor, arranque o pneu do aro com as mãos. Se necessário use uma chave de fenda para ajudar.
9 – O vestígio de cola que está no aro será o suficiente para colar o tubular sobressalente, assim, faça como no passo 5 e 6 descritos acima.
10 – Infle o pneu e pedale com cuidado de volta para casa. DICA: Leve sempre uma bisnaga de “Cascola” ou “Brascola” com você, pois caso a cola do aro e/ou do pneu esteja muito ressecada, aplique uma nova camada de cola e espere uns 15-20 minutos para a secagem e monte o pneu.
Encha o pneu para localizar o furo
Não bastasse todo o trabalho na rua, … ao chegar em casa, você terá que reparar o furo do pneu.
Veja como é:
11 – Encha o pneu para localizar o furo. Se necessário mergulhe o pneu em uma bacia com água limpa.
Marque o local do furo com uma caneta de ponta porosa
13 – Corte a cinta protetora do pneu com a lâmina e abra uns 3 cm para cada lado do furo.
14 – Cuidadosamente, use a lâmina para cortar os pontos da linha de nylon. Abra mais ou menos 2,5 para cada lado do furo.
Retire a câmara para fora o suficiente para remendar o furo
16 – Lixe a câmara, limpe bem e espalhe a cola cimento para reparos a frio. Deixe secar uns 3 minutos e aplique o remendo Zéfal. Segure firme por uns 3-4 minutos e estará pronto. Após aplicado o remendo a frio, recoloque a câmara dentro do pneu.
ATENÇÃO: A cola cimento não substitui a cola de contato e vice-versa. Cada uma tem sua função. Não troque as bolas…digo…as colas.
17 – Com a linha de nylon e a agulha, refaça a costura do pneu do mesmo modo que estava. Arremate com um no final da costura.
18 – Espalhe a cola de contato na cinta protetora do pneu. Espere secar por uns 15-20 minutos e cole a cinta protetora sobre a costura do pneu. Está pronto.
19 – Guarde o pneu que acabou de consertar em um saco plástico e use-o como pneu sobressalente.
PREÇOS
Há várias faixas de preços para pneus tubulares, logicamente pneus de melhor qualidade e mais leves, custam mais. Um pneu Continental Giro custa R$ 110, o Continental Sprinter custa R$ 240 e o top de linha da Continental, o modelo GP 4000 sai por R$ 450 a unidade. Esse último modelo não possui costuras e fica melhor assentado no ar, porém não tem como ser consertado.
Alguns ciclistas e mecânicos profissionais recomendam apenas o uso das colas de contato importadas das marcas francesas “Pastali” e “Clement”. Custam em torno de R$ 20 a bisnaga de 27 gramas, mas têm um desempenho melhor que as colas de sapateiro tradicionais. Outra boa opção é a cola da marca Continental que custa R$ 15 (para aros de alumínio) e R$ 18 para aros de carbono cada bisnaga.
Se você usa pneu tubular e não quer passar suas tardes de domingo aplicando solventes, limpando, lixando, costurando e etc… a boa dica é levar seu pneu para reparar em alguma oficina de bikes. O conserto fica em torno dos R$ 10-20.
Colaborou: João Maria – Martini Bike Shop – Itu, SP
Publicado em 1 de março de 2011 às 15:12 na Bikemagazine
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